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Tudo o que precisas de saber sobre os protestos no Irão

A estagnação económica, a corrupção e o desemprego estão na base das manifestações que causaram já a morte de 21 pessoas em apenas seis dias.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma VICE News.

Os protestos contra as condições económicas no Irão entraram hoje, terça-feira, 2 de Janeiro, no sexto dia, com pelo menos 21 mortos confirmados até agora - nove dos quais na sequência da violência registada na noite de segunda-feira, incluíndo uma criança. Estima-se que nos últimos dias, dezenas de milhares de iranianos tenham saído às ruas, com centenas a serem detidos em manifestações que se estenderam por pelo menos 12 cidades por toda a República.

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O Líder Supremo Ayatollah Ali Khamenei falou hoje pela primeira vez sobre os protestos e culpou os "inimigos" internacionais do regime, acusando-os de estarem a desafiar o "progresso da nação iraniana".

A que se devem os protestos?

O levantamento popular começou na quinta-feira, 27 de Dezembro, na cidade de Mashhad, num protesto contra a estagnação da economia, já que, apesar do levantamento das sanções internacionais em 2015, as condições não têm melhorado.

Os últimos grandes protestos no país tinham ocorrido em 2009, naquele que ficou conhecido como o "Movimento Verde". Essas manifestações nasceram em Teerão, como oposição à eleição de

Mahmoud Ahmadinejad. A actual dissidência tem origem nas zonas rurais, com os jovens a demonstrarem particular desagrado face aos preços cada vez mais altos dos bens alimentares e do combustível e a uma economia arrasada pela corrupção.

O desemprego mantém-se nos 12 por cento, mas estima-se que o desemprego jovem seja consideravelmente mais elevado. À medida que os protestos se espalham, tem também crescido a sua dimensão política - um apelo contra a repressão levada a cabo pela elite política, incluíndo o presidente Rouhani e Khamenei.

Mas, Rouhani não ganhou recentemente as eleições?

O presidente foi reeleito em Maio e recentemente comprometeu-se a aliviar algumas regras impostas pela doutrina islâmica. No entanto, as concessões mostraram-se insuficientes para muitos iranianos modernos, cansados de uma economia fraca e do poder aparentemente imutável dos clérigos iranianos.

Qual foi a reacção em Teerão?

Até agora, o governo não levou a cabo a repressão alargada e dura que acabou com o "Movimento Verde". Rouhani chegou mesmo a defender os manifestantes no domingo, ao afirmar: "As pessoas são completamente livres de criticar o governo e de protestarem".

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No entanto, a segurança tem apertado a cada dia que passa. Têm sido relatados cortes na Internet e o governo terá bloqueado algumas aplicações de redes sociais, utilizadas para difundir notícias sobre os protestos.

Vídeos publicados nas redes sociais durante o fim-de-semana sugerem que a polícia de intervenção está a tornar-se mais agressiva, enquanto na segunda-feira o responsável máximo da Guarda Revolucionária Iraniana, Esmaeil Kowsari, avisou: "Isto vai acabar".

E as reacções à volta do Mundo?

O presidente Trump tem feito ouvir a sua voz no apoio aos manifestantes, nomeadamente através do Twitter, onde hoje publicou: "O povo do Irão está finalmente a tomar a iniciativa contra o brutal e corrupto regime iraniano". E acrescentou: “Os Estados Unidos estão a ver”.

A Rússia, por sua vez, relativizou os protestos, considerando-os uma "questão interna" que não necessita de qualquer intervenção, enquanto o responsável dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson apelou a um "debate sincero sobre as questões importantes e legítimas que os manifestantes estão a levantar".

Já a Turquia mostrou-se preocupada com o escalar da violência e a União Europeia garante estar a monitorizar os acontecimentos.


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