Fazer sexo pela primeira vez pode ser excitante, assustador, emocionante ou algo pra se arrepender – mas quando já foi, já foi, né? Mas e se você passar por uma mudança que altera radicalmente seu corpo e como os outros te percebem? Pessoas transgênero muitas vezes revisam o corpo e a identidade com que nasceram – e o sexo depois de algo assim é comparável ao sexo antes? Sendo trans, sei que aquelas experiências pré-transição foram significativamente diferentes do tipo de coisa que experimento hoje. E isso me fez imaginar: se você é trans, é possível fazer sexo pela primeira vez… duas vezes?
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Fazer sexo como uma mulher é algo novo emocional e fisicamente
Sexo penetrativo depois da transição não é pra todo mundo
“Ela nunca tinha namorado uma pessoa trans.”
Ela se sentiu virgem de novo
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Ela fez sexo com a esposa depois do procedimento e, apesar de ter sido algo profundamente pessoal para o relacionamento delas, não parecia que ela tinha feito sexo pela primeira vez “duas vezes”. “Mas pensei muito sobre a primeira vez que recebi sexo vaginal penetrativo com alguém depois da cirurgia”, disse Robin. “Escolhi um garoto cis geralmente hétero que era muito carinhoso”, ela disse. “Ele foi muito compreensível e paciente, apesar de não ter experiência prévia com mulheres trans.” A nova vagina pode ser extremamente apertada logo depois do processo de criá-la, exigindo meses de dilatação para se expandir. “Infelizmente, eu ainda estava muito apertada, e a coisa não foi muito bem. Considerando as circunstâncias, sou grata pela atenção dele, mesmo não tendo funcionado como eu esperava.”Robin disse que sua segunda vez foi “mais estranha que a primeira – eu estava com medo de não conseguir ser penetrada confortavelmente. Felizmente eu estava errada. Com o tempo foi ficando mais fácil, e consegui superar o constrangimento daquela primeira tentativa”, disse.“Fui perdendo todo tipo de virgindade com os anos”, disse Robin. “Sempre tinha coisas que eu nunca tinha feito antes. Adoro fazer algo novo e excitante pela primeira vez.” Ela disse que o conceito de virgindade não é inteiramente aplicável: “Não acho que há linhas claras dividindo 'virgem e não-virgem'. Só coisas com que você vai ficando mais confortável.”
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Ela perdeu a virgindade com um consolo?
Depois da transição, Hannah “se sentiu e não se sentiu” virgem de novo. “Quando fiz a cirurgia genital, eu estava namorando um garoto trans, e ele estava aberto a fazer sexo comigo antes da cirurgia. Perguntei a uma amiga se você podia perder a virgindade com uma cinta-caralha. Ela disse: 'Virgindade é uma construção'. Então perguntei se podia desconstruir isso com um consolo de silicone azul.”“Ela disse 'virgindade é uma construção'. Então perguntei se podia desconstruir isso com um consolo de silicone azul.”
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Hannah teve complicações “debilitantes” depois da cirurgia, então suas experiências sexuais pós-transição não foram tão recompensadoras como outras mulheres trans relataram. “Eu tinha certeza que outro procedimento consertariam essas complicações, mas depois da minha segunda cirurgia, tive que tirar o sexo da mesa porque só piorava as coisas. Simplesmente não estou confortável em me expor para um parceiro”, disse Hannah, iluminando as complicadas e difíceis realidades médicas que pessoas trans às vezes são obrigadas a encarar.“Uma das experiências mais constrangedoras foi depois de um encontro que tinha sido muito legal. Ele descobriu sobre minha situação médica e encerrou as coisas ali porque 'não queria esperar'. Numa justiça poética, depois eu terminei com a garota com quem perdi minha virgindade por uma razão parecida.”Hoje Hannah está num relacionamento, mas se descreve principalmente como assexual: “Sinto que minha sexualidade foi tirada de mim pela cirurgia.”Jessica é uma mulher trans na faixa dos 40 anos da Costa Leste envolvida em pesquisa política. Antes de sua transição, ela era basicamente hétero. Hoje ela se vê “entre lésbica e queer”. Mas os relacionamentos que Jessica teve quando vivia como um homem não eram estritamente heteronormativos: “Depois que me assumi para minha parceira de longa data, ela não ficou muito surpresa; ela disse que eu nunca tinha tido uma 'energia de homem' sexualmente.”“Depois da cirurgia de confirmação de gênero, o sexo era diferente em termos de como ter o coito e mudou fundamentalmente meu relacionamento com orgasmos e masturbação”, disse. No final das contas, aquilo ainda era sexo, apesar de parecer um pouco mais complexo no começo: “Sexo com um pênis biológico – seu ou do seu parceiro – é muito mais simples. Depois da cirurgia, você tem que encontrar os ângulos certos. E os brinquedos que têm o formato certo. E a flexibilidade e dureza certas. E o lubrificante certo para seus brinquedos. E. E. E… Ou você pode decidir que as coisas penetrativas não são necessárias para chegar lá, e simplesmente ficar no oral.”Ela conheceu sua parceira atual seis meses antes de fazer a cirurgia genital quatro anos atrás. “Fui a primeira parceira transgênero dela, mas ela percebeu que era lésbica com quase 30 anos, então tinha ficado com homens antes – nós duas consideramos um pênis um pouco mais confortável e conveniente que uma cinta-caralha. Trabalhamos com o que eu tinha e conseguimos o que precisávamos.”“Não dou muito valor para 'virgindade'”, disse Jessica. “Depois da cirurgia, perdi a virgindade quando minha parceira fez sexo oral em mim? Ou quando dilatei pela primeira vez? Quando ela me comeu com uma cinta-caralha? Minha parceira e eu somos poliamorosas, então fiz sexo com uma mulher trans que ainda não tinha passado pela cirurgia genital. Então isso conta como um pênis biológico? Acho que você tem que definir isso do jeito que quiser.“Não perdi minha virgindade duas vezes. Só tive a chance de fazer sexo de um jeito totalmente diferente.”Siga a VICE Brasil no Facebook , Twitter , Instagram e YouTube .