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O que você está dizendo é lógico, e não tenho certeza se a lógica tem algo a ver com isso. Vamos colocar dessa forma: por que as pessoas vão ao parque? Podemos fazer uma lista. Vamos começar com o número um da lista: as pessoas vão para lá porque querem encontrar alguém. Uma maneira chata de dizer isso seria que eles querem encontrar alguém como eles. Só que eles estão procurando por afeição, afirmação. É sobre uma necessidade na vida deles. Essa é a razão para eles irem até lá. E, na extensão de que não tenho nada a ver com isso no meu papel de um velho fotógrafo branco parado lá com a minha câmera e meu tripé, se alguém puder ver que sou parte dessa razão número um, há a possibilidade de isso fazer sentido. Eles não vão até lá para se isolarem, você pode se trancar num armário e estará isolado. Você pode se esconder numa multidão. As pessoas não vão até lá para se esconder, elas vão até lá para se encontrar. Sendo assim, você ficaria surpreso de ir até lá e me encontrar? Tenho certeza de que a surpresa é parte do elemento. Mas muitas das pessoas que acabei fotografando me viram de longe, deram algumas voltas e finalmente decidiram andar até onde eu estava caso eu estivesse tirando fotos de uma árvore ou algo assim. E eu converso com as pessoas.
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Bom, a história longa é: em 1974, eu morava num quarto mobilhado em Dean Street, Brooklyn. E o outro homem nesse prédio, que era comandado por uma cooperativa, alugou o quarto mobilhado para mim. E o resto dos homens no prédio era gay. E imediatamente me vi imerso nessa cultura. Eles eram meus amigos, porém um deles foi quem me levou para a Sicília pela primeira vez. Seu nome é Carl Spinella, um cara ítalo-americano, um pouco mais velho. Nós éramos muito, muito próximos. E ele frequentava esse lugar. Ele não tinha carro; então, eu o levava até lá e o deixava perto de um dos buracos na cerca, na Flatbush Avenue, e às vezes eu o buscava lá também. Ele trazia caras que conhecia para casa. E foi assim que descobri sobre isso, só que de fora.Mais tarde, durante os treinos de Giancarlo no parque, em 1997, 98, eu dava caminhadas e andava pelo parque com a câmera no ombro; e, em algum ponto do começo dos anos 2000, decidi fazer algo, já que eu sempre voltava para lá, mesmo sem uma câmera. Eu ficava pensando no Carl, e o [nome] Carl em Giancarlo é por causa de Carl Spinella. O livro é dedicado a ele. [Spinella morreu de AIDS nos braços de Thomas em 1992.]
Giancarlo Roma: Sim. Quer dizer, isso me interessava. Fui três vezes – e me lembro de todas vividamente.
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Sim. E, dentro do curso, eu me concentrei em masculinidade negra. A ideia de down-low, sexualidade masculina e representação eram centrais em todos os cursos. Então, sabe, era muito real não apenas ler sobre isso, mas ver a coisa em ação.Thomas: Olha, ninguém se importa com intenções. Intenções são conversa fiada. O que você produz é a medida de quais são suas intenções. Você deveria estar olhando para o que está fazendo. Quero ser responsável. Isso anda lado a lado se quero uma resposta do espectador: eu poderia fotografar postes, ou… há coisas que não têm nenhuma polêmica ligada a elas.
Tive de me dar permissão. Eu queria ser pré-aprovado para ser digno de ser amado. Acho que as pessoas vão lá para encontrar o amor, é isso que acho. É essa a questão. Não acho que as pessoas são empurradas para uma margem, não acho que isso seja um último recurso. Se eu estava lá, era porque eu queria estar lá. Todo mundo me queria lá? Não, claro que não. Uma vez, um cara gritou para mim "Por que eu ia querer ser fotografado?" e blá-blá-blá. E, claramente, eu tinha desencadeado alguma coisa. Mas era impossível para mim ter medo dele, pois eu não acreditava que ele queria me machucar. Acho que ele só queria que eu me afastasse dele; assim, foi isso que fiz.
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Não, não, não.Quantas fotos há no livro?
A Anna sabe isso.Anna Roma: Setenta e cinco retratos, 78 paisagens.
Eu não fui com ele. Percebi que não fazia sentido para mim ir até lá.Giancarlo: Não tem mulher lá!Anna: Isso seria a energia errada. Nesse ponto do nosso relacionamento e do nosso casamento, comecei a achar que era certeza de que eu estaria com ele enquanto ele fotografava. Então, me senti meio ressentida no começo, porque ele estava lá e eu não podia ver. Quando ele voltava, eu pedia o relatório completo. Como esse cara parecia, o que ele estava usando?Giancarlo: Já que mesmo ir até lá é cinematográfico. Por isso, lembro tão vividamente – cada ida é uma história.
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