“Você tem um tamanho maior?”Não importa a loja, sempre peço um tamanho maior do que normalmente uso por causa dos meus seios grandes. Não preciso dizer que a resposta para essa pergunta não é positiva na maioria das lojas de shopping que arrisco comprar alguma blusa bonita ou um sutiã. Aos 13 anos, como se fosse de um dia pra outro, tive que jogar fora meus sutiãs da Minnie Mouse e passar direto para lingerie de mulher adulta. Arames, alças largas e bojos reforçados passaram a integrar o meu vocabulário na hora de fazer compras com a minha mãe. Detestava comprar sutiã, assim como detestava o jeito que eles deixavam meus seios espremidos e levantados até demais.
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Uma das primeiras lembranças que tenho dos meus peitos é de usar uma regata na escola e o professor de Geografia me pedir para colocar o casaco, porque o decote estava “demais”. Envergonhada com a bronca, passei o resto da adolescência usando camisetões largos para disfarçar o volume. Foi na faculdade que passei a usar algo mais decotado. Até hoje, peço opinião de amigas ou do meu namorado quando me arrisco a usar regatas ou blusas decotadas. Tudo que você coloca sobre seus seios grandes corre o risco de virar algo ultrasexy ou inapropriado. Pior quando você resolve cobri-los – parece que você é uma matrona.Sim, claro, nós mulheres temos o direito intransferível de usar o que bem entendermos, na hora que quisermos e onde for possível. Concordo com isso. Só que a moda não me ajuda também. Raramente acho um sutiã abaixo dos 80 reais que me sirva. Blusinhas ficam apertadas na parte de cima. Sair às compras parece um déjà vu da minha adolescência, quase sempre voltando frustrada por não encontrar nada do meu tamanho.
Apesar de hoje as mulheres cada vez mais questionarem os padrões esperados para o corpo feminino, não me vejo representada em lugar nenhum nesse movimento. Não que ache que seja obrigação de alguém representar meus seios grandes, mas às vezes parece que só existem dois tipos de mulheres: as sem peito e as que colocaram prótese. O pessoal parece ter uma visão distorcida do peitão. Seios grandes, infelizmente, também obedecem às regras da gravidade e não ficam de pé como o pessoal acha que fica. Quer me deixar com raiva? É só falar do teste do lápis que determina se seu peito é caído ou não.
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Embora os meus seios chegarem numa sala antes do que mim mesma, tenho que admitir que gosto deles de vez em quando. Eles preenchem o sutiã, dando uma forma bonita no meu corpo. Às vezes me dão uma certa sensação de poder de persuasão. Eles também boiam na água, o que sempre me arranca umas risadas. Outras amigas e conhecidas peitudas não têm a mesma sorte que a minha e sentem dores nas costas. Na TPM então, esquece. Eles ficam o dobro do tamanho e doem como nunca. Tenho vontade de criar um campo de força com minha mente para ninguém chegar perto de mim.Sabendo que eu não sou a única mulher que sofre com as glândulas mamárias superdesenvolvidas, entrevistei outras garotas para falarem do sofrimento silencioso que só quem tem seios fartos enfrenta.
Ketyanne dos Santos Silva, 28 anos, assistente jurídica
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Vanessa Vieira dos Santos, 33 anos, publicitária
Thamu Candylust, 32 anos, tatuadora
Thais Mayume Carvalho Higa, 31 anos, radialista de formação de editora de vídeo
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