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Música

Discos: Cavalheiro

O melhor disco de Cavalheiro.

Trégua
PAD
2013 Com o final de cada ano e a habitual praga de balanços feitos pelas várias publicações, passou a ser quase tradição vermos Tiago Ferreira surgir, por entre os flocos de neve, para revelar que não tinha ficado particularmente impressionado com nenhum disco no calendário estipulado. Não deixava de ser corajosa essa atitude vinda de um tipo que escreve canções, mas que nem se preocupava em deixar elogios aos discos dos amigos na esperança de que eles fizessem o mesmo por si. Tiago Ferreira, o rapaz que passa a ser Cavalheiro nas canções, abotoa por si os sapatos com que vai dando pequenos passos e chega ao novo EP, Trégua, com a segurança de um alpinista que sabe escolher bem as montanhas que deve escalar.  Trégua é um EP de cinco temas desalinhados em relação a quase tudo à sua volta e deslumbrados por um tempo em que era necessário algum critério e classe nas canções, para fazer dançar as meninas no baile de finalistas ou na festa de despedida do Zé que ia para Angola. O Cavalheiro que há em Tiago Ferreira preocupa-se especialmente em dignificar a canção até ao ponto em que ela não seja mais uma coisa efémera para ser cilindrada pela próxima moda. Temas como “Talvez” ou “Família Feliz” não só sabem onde colher óptimas referências do surf-rock clássico (dos Ventures aos Shadows) como também aplicá-las em crescendos e quebras dramáticas que nunca acontecem por acaso. Em rodapé resta-me só mesmo acrescentar que estas letras românticas não me tocam muito, mas aí o problema já será mais meu do que do Cavalheiro, que tem em Trégua o seu melhor disco até aqui.