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Sexo

Estranhas Técnicas de Masturbação que Podem Mudar Sua Vida Para Sempre

O movimento OneTaste defende a meditação orgásmica, ou seja, seu parceiro ou parceira lubrifica um dedo enluvado e acaricia seu clitóris durante 15 minutos.

Uma participante do movimento One Taste.

Você quer atingir a paz interior por meio da masturbação? De acordo com o movimento OneTaste, você pode. O OneTaste defende a “prática em parceria do orgasmo feminino”, o que eles descrevem como meditação orgásmica (MO). Essa forma de meditação funciona mais ou menos como qualquer outra busca por meio da concentração, mas, em vez de se focar na respiração ou na repetição de mantras, a OM centra sua energia em ter alguém — qualquer pessoa — acariciando seu clitóris por 15 minutos.

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Funciona assim: depois de construir um “ninho” com partes macias do seu mobiliário, seu parceiro ou parceira lubrifica um dedo enluvado, acerta o despertador para 15 minutos e acaricia o “quadrante superior esquerdo” do seu clitóris, com nenhum objetivo específico além de “sentir o que está acontecendo no momento”. Antes que os 15 minutos comecem, o acariciador examina e descreve a vagina que está prestes a acariciar, discutindo coloração, textura, forma e qualquer sentimento que surja ao olhar para ela. O que deve ser meio desconfortável de assistir. No final do tempo estipulado, os parceiros compartilham um vislumbre de suas experiências, usando frases como: “Uma luz branca se estendia desde a sua boceta até meu dedo” (na MO, a vagina é sempre, sempre “boceta”). Na teoria, a experiência é igualmente intensa para os dois participantes — acariciador e acariciada.

A MO cresceu rapidamente desde que o primeiro centro da OneTaste foi aberto por Nicole Daedone em São Francisco. Milhares de participantes ruborizadas agora testemunham a favor da prática, mas alguns críticos já chegaram a descrever o grupo como um culto sexual. Uma dessas participantes ruborizadas é Justine Dawson, uma ex-assistente social que costumava ajudar mulheres e crianças sem-teto, mas que agora se dedica em tempo integral à tarefa nobre de ajudar mulheres a gozar.

Ela se mudou recentemente para Londres, então, batemos um papo para que eu entendesse melhor como a OM pode mudar nossas vidas.

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Justine Dawson.

VICE: Explique o que é a meditação orgásmica com suas palavras. Isso lembra um pouco o tantra, mas é supostamente não sexual, certo?
Justine Dawson: A MO é contida — 15 minutos, do começo ao fim, sem reciprocidade e sem um objetivo exato, o que separa isso do sexo e o coloca no reino da prática.

Então, é um pouco como o sexo tântrico?
É muito mais simples do que o tantra, já que não envolve nenhuma visualização, esforço especial com a respiração ou o movimento deliberado de energia dentro do corpo.

OK, e qual é o objetivo disso? O que acontece depois dos 15 minutos?
Não há um objetivo final, mas a maioria das pessoas que pratica costuma experimentar uma conexão maior, sensações mais ricas, mais energia em suas vidas e um sentimento geral de ignição em seus corpos. É algo similar à ioga e meditação, em que você pode não sentir todos os benefícios todas as vezes que pratica, mas, com o tempo, você experimenta uma diferença significativa — nesse caso, no sexo, nos relacionamentos e na vida em geral.

Então, não é preciso acontecer um orgasmo real dentro dos 15 minutos para que a MO tenha sucesso?
Não, o clímax não é o objetivo da MO. Pode acontecer e pode não acontecer. Mas retirar a pressão do objetivo torna tudo mais divertido e mais prazeroso para as duas partes.

E quanto às mulheres que têm dificuldade em atingir o orgasmo somente com a estimulação clitoriana?
Muitas mulheres diagnosticadas como anorgásmicas relataram ter atingido o clímax desde que começaram a MO. Pessoalmente, eu nunca tinha experimentado um orgasmo por penetração antes, mas agora isso acontece regularmente. A MO mudou totalmente minha relação com o orgasmo.

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Fale mais sobre isso.
Bom, antes de começar a praticar a MO, eu tinha um padrão definido do que era sexo bom. Devia ser espontâneo, todos tinham que dar e receber igualmente e ele sempre tinha que garantir meu orgasmo. Havia certa contabilidade para a coisa toda — eu te acaricio, você me acaricia; era como um modelo comercial. Agora, o clímax não é, nem de perto, tão interessante para mim. Eu experimento uma variedade muito mais profunda e rica de sensações. Às vezes, é algo sutil e intrincado, às vezes algo grande e intenso. Mas estou sempre dentro disso — e não na minha cabeça, que era onde eu costumava passar a maioria do tempo durante o sexo.

E ele? O que o parceiro ganha com isso?
Sei que meu parceiro também pode sentir as sensações enquanto me acaricia. E como ele pode sentir isso, toda a questão de reciprocidade cai por terra. Nós dois temos acesso à mesma coisa, só que de posições diferentes.

Um vídeo introdutório à MO.

Mas e o orgasmo masculino? Por que não há uma técnica de carícia masculina?
Há uma técnica de carícia masculina, apesar de o foco ser no orgasmo feminino. Isso dá aos homens a oportunidade de experimentar o corpo inteiro como um órgão sexual, começando pelo dedo.

OK, quer dizer, para ser honesta, isso não parece um negócio muito justo.
Muitas mulheres sentem a obrigação da igualdade no sexo. Fazemos isso para deixar nossos parceiros felizes, assim eles farão algo em resposta, ou por várias outras razões complexas. Não fazemos isso unicamente pelo nosso prazer. Isso porque a maioria das mulheres não são totalmente sexuais. Então, quando tocamos os homens, nós os fodemos, acariciamos ou chupamos, não fazemos isso com todo o nosso ser. Mas quando uma mulher faz a MO por um tempo, ela muda, e o jeito como ela entra no sexo é por inteiro. E isso é uma experiência inteiramente diferente para ela e para a pessoa com quem ela está fazendo sexo.

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Por que a sexualidade feminina é tão complicada para algumas pessoas?
Para muitas mulheres, o desejo é vergonhoso. Se não estamos gozando, geralmente pensamos que o problema é nosso, algum déficit em nossa sexualidade. Não percebemos que nosso corpo sabe exatamente o que quer, e que seria muito bom se simplesmente ouvíssemos o que ele tem a dizer. Na MO, ensinamos as mulheres a fazer isso. Também ensinamos os homens a fazer ofertas simples que as mulheres possam responder com sim ou não: “Quer que eu vá mais rápido? Quer que eu use uma carícia mais curta?”. Dessa forma, duas pessoas podem aprimorar isso em uma sensação maior. Os homens acham revelador receber instruções mais diretas do que é mais satisfatório. Eles não precisam mais ler a mente das mulheres.

E essa parceria é igualmente estimulante para o acariciador e a acariciada? Isso precisa ser uma parceria entre um homem e uma mulher?
A MO exige simplesmente uma pessoa com um clitóris e outra com um dedo, então, mulheres também podem fazer a MO juntas. Tendo acariciado e sido acariciada por muitos anos, posso dizer que a experiência é igualmente impactante para as duas posições. É inacreditável, mas é verdade. Em vez de ter uma pessoa dando e outra recebendo, isso é mais como duas pessoas sendo ligadas numa tomada e sentindo a eletricidade fluir por seus corpos. Há uma ciência que explica isso — a biologia da conexão límbica. Mas o que é mais importante, a experiência fala por si mesma.

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E por que vocês chamam isso sempre de “boceta” e nunca de “vagina”?
“Boceta” é mais carregada, não? Entrar num território carregado é mais sensual. Isso aumenta a sensação. Isso nos faz questionar coisas. Gostamos disso. A coisa engraçada em boceta (no inglês, “pussy”) são todas as conotações com acariciar. Algumas semanas atrás, tivemos um artigo publicado no Sun. Logo ao lado, eles colocaram um artigo intitulado “Porque acariciar gatos pode combater o estresse”. Parece que o Sun tem senso de humor.

Ter uma linguagem específica é importante para a prática no geral? Vocês estão, na verdade, ensinando as pessoas a falar sobre sexo de uma maneira que mude a filosofia delas?
Sim, isso é parte do todo. Gostamos de usar palavras carregadas. Boceta, pau, foder, chupar. Isso vai até o centro da vergonha e reverte isso. Há uma crueza nessas palavras. Sexo sensacional é cru. Você não precisa adicionar nada. Nada de linguagem floreada, nada de yoni, nada de sagrado. Quando você despe o sexo até seus componentes mais básicos, e aí que você acha o que realmente está lá.

Como você descreveria sua primeira experiência de MO?
Na verdade, não me lembro muito bem da minha primeira MO. A experiência em si não foi sensacional, mas o que me surpreendeu foi o que senti depois. Foi como se uma porta no fundo de mim tivesse aberto e todos esses sentimentos que eu nem sabia que existiam começaram a fluir — sexo pulsante, tristeza, riso, raiva.

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Uma palestra de Nicole Daedone, fundadora da OneTaste, na TED.

Como sua vida mudou por causa da MO?
Depois da minha primeira MO, minha boceta ficou de um jeito que nunca senti antes. Ela estava viva. E eu também comecei a me sentir mais viva. Eu abri meu sexo. Eu tinha muito mais energia. E me sentia mais criativa. Seis anos e meio depois, minha vida está completamente imersa na MO e tudo que vem com isso. Embaixo da minha foto no anuário do colegial está escrito: “Provavelmente vou me tornar uma freira”. Não mais!

E como a população britânica tem respondido à MO enquanto movimento?
Eu diria que os britânicos gostam de uma boa porção de ceticismo. Já me disseram que há um cultura exaltada de crítica aqui. As pessoas têm a habilidade de levar a defesa intelectual a outro nível. Por outro lado, os britânicos são mais reservados e se expressam menos. Há muita coisa dentro deles que está ansiosa para sair. Quando os britânicos descobrirem a MO, isso dará a eles a permissão para serem reais e expressar a si mesmos de uma maneira totalmente nova.

Isso costuma deixar os praticantes mais, hmm, sexualmente prolíficos?
A MO abre o desejo. Algumas pessoas podem ter feito muito sexo, explorado muitas áreas. Outras pessoas podem nunca ter deixado seu sexo fluir. É como um animal selvagem vivendo numa jaula muito pequena e, por meio da OM, eles começam a abrir a porta. Eu, por exemplo, com certeza estava no segundo campo. Por meio da MO, passeia a amar o sexo. Perdi minhas inibições de pedir o que quero. Meu corpo está mais vivo e ligado. Tenho mais do sexo que quero, por mais tempo.

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Acho difícil argumentar com isso. Alguns perfis que li chamavam a MO de movimento feminista. Você acha que isso é verdade?
Eu diria que a MO é para todos que querem mais conexão, energia e excitação. Feministas podem conseguir muito com a MO, assim como conservadores. Acho que a maioria das pessoas se beneficiaria com uma boa carícia na boceta.

Muito provavelmente. Obrigada, Justine.

Siga a Monica no Twitter: @monicaheisey

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