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Fotos

“What We Conjure”, de Scott Alario

Nessa série do fotógrafo que vive em Providente, Rhode Island, e em Alfred, Nova York, foi usado filme preto e branco e uma câmera de grande formato para fotografar sua esposa e seus filhos como o elenco de uma peça mística e elegante.

Scott Alario é um fotógrafo que vive em Providente, Rhode Island, e em Alfred, Nova York. Em sua série What We Conjure, Alario usou filme preto e branco e uma câmera de grande formato para fotografar sua esposa e seus filhos como o elenco de uma peça mística e elegante. De junho a julho do ano passado, Alario fez sua primeira exposição solo na Kristen Lorello Gallery, em Nova York. Falamos com ele na época sobre o que significa usar sua família como tema, sobre outros fotógrafos que fizeram isso e sobre vender fotografias pessoais como produtos no mercado da arte.

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VICE: Vamos falar sobre a sua exposição. Ela acontece na Kristen Lorello Gallery, que é um lugar de que eu nunca tinha ouvido falar.
Scott Alario: A galeria acabou de abrir – em abril. Eles tiveram apenas uma outra exposição: a minha é a segunda. A dona, Kristen, trabalhou com várias galerias antes de começar a sua e conhece muito sobre pintura e escultura. É interessante conversar com ela sobre fotografia.

Acho que é bom para os fotógrafos estarem numa galeria que também expõe pintores e escultores. Quer dizer, é legal que existam galerias de fotos, mas acho que é melhor para todo mundo estar junto. Você ensina fotografia na Alfred University?

É, mas esse é outro lugar multidisciplinar, porque não há especializações ou especializações definidas. É como se todo mundo estivesse fazendo o que quiser.

Sua família vai a Alfred quando você dá aula lá?
Sim, eles vão pra lá comigo. Minha filha tem cinco anos e meio e está frequentando a escola. E acabamos de ter um bebê.

Qual o nome dele?
O nome dele é Marco, Marco Moon. A irmã de cinco anos escolheu o nome. Ela ficava dizendo: "Ele tem que se chamar Moonlight,aí podemos chamá-lo só de Moony para encurtar". Então, é assim que o chamamos.

As fotos nessa exposição são da sua família.
Sim, as fotos são uma continuação da minha série What We Conjure. São dez fotos na exposição. Elas foram agrupadas em termos de paleta, principalmente, e por coisas formais, como sombra. Fotografei com uma câmera de grande formato de 8x10. Tive uma educação fotográfica bastante formal.

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As fotos trabalham em torno da sua família e da relação que você tem com a sua filha e seu filho. O que você está tentando fazer com essas fotos?
Para mim, o trabalho se tornou menos sobre minha família e mais sobre pequenas performances ou historinhas que minha filha, Elska, e eu criamos juntos, e isso se tornou meio que sobre interpretação. Fiquei muito emocionado quando elas começaram a falar de algo mais espiritual e simbólico. Acho que somos espirituais num sentido meio animista. Colocamos espíritos em tudo, como árvores, pedras. É uma coisa que faço com a minha filha.

O que você quer dizer com colocar espíritos em tudo?
É interessante para uma criança projetar vida nas coisas. Então, o trabalho inclui esses gestos voltados para a espiritualidade e esses elementos performáticos ritualísticos, mas tudo isso acontece no contexto do cotidiano. Estou sempre muito preocupado em ser kitsch, clichê ou fofo; então, quero que o trabalho também tenha conteúdo visceral. Quero que isso fale sobre o valor da vida, a natureza do medo e coisas assim.

Então, você fica com o branco e preto.
Originalmente, a coisa do preto e branco era uma questão prática. Eu tinha a câmera 8x10 e podia revelar folhas de contato dentro de casa. Não sinto tanta falta da cor. É apenas outro filtro, outra interrupção no trabalho para mim.

Como é o seu processo? Parece que essas imagens aconteceram no curso da sua vida.
Fazer essas imagens é algo em que realmente sinto prazer, mas, às vezes, pedir para moderar minha vida, como pedir para tirar fotos da minha família o tempo todo, pode ser um desafio. Às vezes, tenho que convencê-los a participarem, mas acho que, quando eles veem as imagens, quando veem as fotos, eles compartilham a empolgação que sinto por elas. Estou sempre tentando planejar as coisas, mas, no geral, o que acontece inadvertidamente é mais interessante. Acho que a fotografia é um meio muito bom para isso: para congelar esses acidentes incríveis.

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Como você se sente sobre Sally Mann?
Gosto muito de Sally Mann. As fotos dela têm uma vibe anos 90 para mim, talvez porque foi nessa época que elas foram feitas. Há muita sensualidade e escuridão projetada no trabalho – talvez pela própria Sally. Talvez a vida deles fosse assim, mas talvez fosse só uma performance, e isso é muito interessante também. Gosto do trabalho da Sally Mann.

Como você se sente sobre Emmett Gowin?
Gosto de Emmett Gowin.

É, acho Gowin melhor.
Emmett Gowin fica um pouco mais confortável em tirar fotos ruins. Entende o que eu digo? Como tirar uma foto que não faz sentido. Acho que o trabalho de Sally Mann pode fazer sentido demais.

Thomas Roma. Harry Callahan. Estou pensando em outras fotos em preto e branco das famílias dos fotógrafos. Essas pessoas fizeram trabalhos sobre suas vidas pessoais para um público maior, mas ainda acabam com um belo álbum de família.
É, isso se torna um documentário da minha família. Não tenho medo de que isso aconteça. Emmett Gowin fala sobre fazer trabalhos sobre coisas que você ama, abaixar a cabeça e não se importar se isso vai ser lido corretamente, ou se as pessoas vão se conectar a isso. Ele fala sobre ficar próximo das coisas pelas quais você é apaixonado.

Trabalhei no museu RISD quando estava na graduação e pude lidar com impressões do trabalho de Harry Callahan. Senti realmente uma conexão sincera. Fiz minha graduação no Massachusetts College of Art e estudei com Nicholas Nixon.

Outro fotógrafo que trabalha com 8x10 em preto e branco e que fotografa a família. Acho que é uma coisa boa quando fotos podem ser úteis, num sentido real, na vida das pessoas. Mas é interessante pensar sobre vender fotos assim no mercado. Essa é sua primeira exposição em Nova York?
Sim, minha primeira exposição em Nova York. São apenas dez fotos; então, é algo bem pequeno. A galeria é muito pequena e confortável. É a maneira ideal de mostrar meu trabalho em Nova York, porque o lugar é muito vivo.

Quanto custa uma foto da sua filha?
US$ 800.

Matthew Leifheit é o editor fotográfico da VICE. Siga-o no Twitter.

Tradução: Marina Schnoor