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Música

Discos: Yagya

Já lá vão 13 anos desde que Yagya gravou a sua ambiciosa estreia.

Will I Dream During the Process? (Deepchord Redesigns)

Subwax Jpn

Se este tem sido um ano especialmente feliz para Yagya, isso também acontece porque o produtor islandês fez por merecê-lo. Afinal já lá vão 13 anos desde que Yagya gravou a sua ambiciosa estreia, em

Reiquiavique

, durante um verão gélido como só pode acontecer na Islândia. O disco em questão,

Rhythm of Snow

, é tão discreto e elegante como o próprio título sugere: podemos passar o tempo a identificar nele as influências de sagrados como Basic Channel ou Wolfgang Voight, mas existem momentos (“Snowflake 5” especialmente) em que Yagya apresenta música feita de esquecimento e espaços em branco, sem olhar a nada mais.

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Felizmente, esse tipo de sensibilidade não passou despercebido à Subwax Bcn,

 label

, loja e promotora catalã, que tem vindo a recuperar os discos de Yagya, numa altura em que o seu nome é cada vez mais pertinente no cenário da dub techno. Há dois anos

Rhythm of Snow

 teve direito a uma edição remasterizada em formatos vários (alguns deles muito bem cotados entre coleccionadores). Agora chegou a vez do segundo álbum

Will I Dream During the Process?

 conhecer uma nova vida pela mão da Subwax Bcn (esta edição japonesa é por acaso a primeira da filial Subwax Jpn). Trata-se de facto de uma nova vida, já que, para o efeito,

Will I Dream During the Process?

 foi totalmente reconfigurado por ninguém mais do que Deepchord, verdadeira instituição da dub techno actual, cujo valor pode ser comprovado com uma escuta atenta do magnifico

Hash-Bar Loops

.

A verdade é que nem todos os dias escutamos Deepchord num contexto de apropriação de um disco completo de outro autor. Se na sua forma original

Will I Dream During the Process?

 possuía um aspecto mais montanhoso, áspero (com uma faísca de electro a certo ponto) e assumidamente digital, a versão de Deepchord revela uma qualidade muito mais plana, polida e orgânica (pelo meio somos apanhados de surpresa por um dub tão autêntico como qualquer coisa de King Tubby ou Dennis Bovell). É óbvio que ambos os discos estão carregadíssimos de um eco capaz de tranquilizar até o demónio (gosto de imaginá-lo num jacuzzi a ouvir isto), mas estes

Deepchord Redesigns

têm o seu próprio valor, porque Rod Modell nunca foi senhor de receios e a pegada que a sua identidade aqui deixa é tão vincada como a que encontramos num disco só seu.