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Entretenimento

Boa, agora já podes mandar tweets e actualizar o Facebook depois de morto

A internet quer acabar com o peso das palavras finais.

Se és uma daquelas pessoas que já não sabe viver sem as redes sociais (e quem não é, hoje em dia?) vais ficar contente por saber que os teus perfis não precisam de morrer contigo. Talvez não saibas, mas estima-se que

haja cinco milhões de contas de Facebook que pertencem a gente morta

, o que levanta alguns problemas novos. É aí que entram start-ups como a DeadSocial ou a LivesOn, empresas que garantem que uma pessoa pode continuar activa nas redes sociais depois de ir desta para melhor.

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Sabes qual é o slogan da LivesOn? "When your heart stops beating, you'll keep tweeting", qualquer coisa como "o teu coração pode parar, mas o teu Twitter não". O serviço usa algoritmos que analisam o teu feed no Twitter, coleccionando gostos, padrões de comportamento e até de sintaxe, para mandar novos tweets a título póstumo. Se estás conquistado, e achas que isto é uma boa ideia, ainda vais a tempo — a LivesOn vai estar a aceitar clientes a partir do próximo mês. Não sei é se se responsabiliza caso alguém entre indevidamente na tua conta. O Dave Bedwood, um dos criativos responsáveis pela aplicações, defende o seu peixe. "A criogenia é caríssima, isto é de borla e funciona melhor do que uma cabeça congelada", disse ele ao

Guardian

. Faz algum sentido.

O DeadSocial, por sua vez, permite-te agendar tweets e mensagens de Facebook para que nada, nem mesmo a morte, te impeça de estar socialmente activo na rede. O teu melhor amigo faz anos de casado, mas tu entretanto foste atropelado? Sem problema. O teu filho tem um jogo importante no domingo, mas não podes estar presente porque o teu avião caiu na quarta? Sem espiga. Já a Digital Legacys fabrica placas em código QR para caixões — nem depois de morto um gajo se livra dessa praga, é incrível. Há outro site, o IfIDie.net, que te dá a hipótese de enviar uma mensagem final no Facebook para os teus amigos e conhecidos. Eles até fizeram um vídeo para te convencer de que isto é uma ideia altamente:

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A questão é: isto tanto pode servir como maneira de uma pessoa fechar qualquer coisa que ficou em aberto com a morte de alguém, como pode ser apenas uma maneira pouco saudável, ainda que bem intencionada, de prolongar o processo de luto. Usa um destes serviços e corres o risco de passar por maluquinho tecnológico; critica a existência deste tipo de coisas e pode ser que alguém te chame de ludita.

O próprio Facebook tem um conjunto de normas para estas situações. Quando um utilizador é dado como falecido, o site impede que volte a haver log-ins com a conta respectiva, retira o perfil dos resultados de pesquisa e permite que a família desligue a ficha, por assim dizer, da conta em si, apagando-a por completo. Isto é simples qb, mas é mais complicado decidir quem é que é legalmente responsável. Recentemente, no Nebraska, um viúvo acertou na password da conta de Facebook da falecida mulher e espalhou a confusão. Há homens assim, cheios de classe.

Conheço duas pessoas que morreram, mas cujos perfis no Facebook se mantiveram numa espécie de purgatório online. É compreensível, mas estranho. Também é um fenómeno bastante recente, ainda não sabemos bem como lidar com isto. Por um lado, o Facebook permite que uma pessoa saiba que um familiar ou amigo faleceu, por outro, as redes sociais servem sobretudo para partilhar vídeos engraçados e fotos que humilhem os amigos. Será este mesmo serviço uma maneira legítima (e apropriada) de fazer o luto?

É difícil dizer. As redes sociais a título póstumo são um assunto confuso e recente, uma forma de criogenia virtual que me confunde mais do que me elucida. Não sou ninguém para dizer o que é ou não sagrado. Certezas, só uma: a internet quer acabar com o peso das palavras finais.