Como é que uma imagem transmite o significado de uma palavra?
Aberto. Fotografia por Martina Giammaria.

FYI.

This story is over 5 years old.

Entretenimento

Como é que uma imagem transmite o significado de uma palavra?

A ligação entre as imagens e as palavras pode ser universal, mas muitas vezes também é profundamente pessoal.

Este artigo foi originalmente publicado na VICE USA.

A ligação entre as imagens e as palavras pode ser universal, mas, muitas vezes, é também profundamente pessoal. Para o seu projecto mais recente - The Photographic Dictionary - a fotógrafa Lindley Warren está a investigar o espaço que existe entre as definições standard e a significação pessoal, de A a Z.

Warren aceita propostas para uma infinidade de palavras e já conta com contribuições para absurdo, cactus, abraçar, rabo de cavalo, tempo e zombie, entre muitas outras. Cada imagem é fotografada por alguém que faz parte da sua rede de amigos e fotógrafos colaboradores.

Publicidade

Género. Fotografia por Ryan Duffin

Lindley interessou-se pela fotografia analógica quando era adolescente, em Des Moines, Iowa, nos Estados Unidos da América, onde ainda vive. Nos últimos anos, pôs-se em contacto com diversos artistas para criar projectos como Art of Iowa (um centro online para artistas locais) e The Ones We Love (uma revista incrível, em papel, que mostra fotografias sobre relações pessoais).

Através de imagens surrealistas e muitas vezes divertidas - tiradas sobretudo em estúdio - The Photographic Dictionary pretende definir "as palavras através do significado literal, figurado, ou pessoal que se esconde por detrás de cada imagem". Falámos com a fotógrafa.

VICE: O que te motivou a embarcar neste projecto?

Lindley Warren: Primeiro comecei com The Ones We Love, porque gosto de colaborar com artistas que sempre admirei. Depois, The Photographic Dictionary surgiu casualmente. Normalmente, quando começas um projecto acabas por perceber se as pessoas estão ou não interessadas nele. Por sorte, os fotógrafos estão a começar a mandar-me as suas imagens.

Marmita. Fotografia por Jennifer Lauren Martin

Muitos dos teus projectos são colaborativos. Como é a cena artística no Iowa?

Vivo em Des Moines, que actualmente é um lugar interessante, porque mudou muito nos últimos 10 anos. Quando era adolescente não se passava aqui nada, mas cresceu muito, sobretudo na esfera artística e musical. Muitos jovens estão a mudar-se para cá e vêm de diferentes pontos do país.

Publicidade

O Iowa apoia os artistas locais - algo que me parece fenomenal -, mas se o trabalho nacional e internacional não chega até nós e eleva o nível, o resultado pode ser medíocre. Sempre recorri à Internet para encontrar artistas com os quais me identificasse e poder trabalhar com eles. Para mim é uma maneira de construir a comunidade que não tenho aqui.

Metafísico. Fotografia por Ryan Duffin

As imagens que escolheste para o dicionário não foram tiradas em lugares identificáveis. Escolhes as fotografias segundo a sua universalidade?

A eleição tem um carácter totalmente estético. Com os meus outros projectos, especialmente The Ones We Love, o estilo vinha muito marcado pela parte emocional. Em The Photographic Dictionary basta-me analisar as cores e a estrutura.

Gosto que as imagens sejam limpas e agradáveis à vista. Tento pensar nas imagens em relação umas com as outras e acho que há uma certa unidade no dicionário. Às vezes enviam-me propostas das quais gosto bastante, mas como não encaixam no tom geral do projecto não as publico.

Pastel. Fotografia por Cassidy Araiza

Tens mais propostas para ilustrar coisas tangíveis, ou coisas abstractas?

Depende do fotógrafo. Algumas pessoas divertem-se e pensam em palavras muito abstractas. Isso significa que tens de pensar realmente: "Como encaixa a palavra com a fotografia?". Mas, assim que entendes, o resultado é genial.

Fractura. Fotografia por Kaleb Marshall

Os teus projectos não podiam desenvolver-se sem Internet. Como achas que o desenvolvimento da cultura digital influenciou a fotografia?

Publicidade

Comecei com estes dois projectos em 2008 ou 2009 e, naquela altura, a fotografia na Internet era muito diferente do que é agora. Uma parte de mim queria avançar, para assim criar uma comunidade e ver imagens num contexto diferente.

Nesse momento só existia o Flickr e as pessoas tinham que ir ao teu site para ver o teu trabalho. Hoje em dia, tudo se move através das redes sociais. Adoro a Internet e acho maravilhoso poder conectar-me com estes artistas e criar o meu próprio universo de arte online.

Acompanha o trabalho de Lindley Warren em thephotographicdictionary.net.

Vórtex. Fotografia por Bobby Scheidemann

Linha. Fotografia por Nicolas Polli

Agitado. Fotografia por Thomas Albdorf

Personalizar. Fotografia por Bobby Scheidemann