Depois de 50 longos anos de guerra fingida, EUA e Cuba estão finalmente fazendo as pazes. Na manhã de hoje, a Casa Branca anunciou que os EUA estão restaurando laços diplomáticos plenos com a ilha a apenas 145 km da costa da Flórida e que vai inaugurar uma embaixada lá pela primeira vez desde que Dwight Eisenhower era presidente.O acordo-surpresa vem depois de 18 meses de negociações secretas, supostamente intermediadas pelo Canadá e pelo Papa Francisco. De acordo com o New York Times, o presidente Obama e Raul Castro falaram por telefone na terça-feira e finalmente concordaram em pôr as diferenças de lado. Esta manhã, as relações já tinham começado a descongelar, com Cuba libertando o funcionário de ajuda internacional Alan Gross, preso há cinco anos na ilha, e com os EUA devolvendo três espiões cubanos condenados por acusações federais em 2001."Hoje, os EUA estão dando passos históricos para traçar um novo caminho nas nossas relações com Cuba e para envolver e capacitar o povo cubano", disse a Casa Branca numa declaração nesta quarta. "Estamos separados por 145 quilômetros de água, mas unidos pelas relações entre os dois milhões de cubanos e americanos de descendência cubana que vivem nos EUA, e os 11 milhões de cubanos que compartilham esperanças similares de um futuro mais positivo para Cuba."Obama anunciou as mudanças em comentários na Casa Branca na quarta, declarando que a política norte-americana de isolamento de Cuba – e tentativas de fazer o regime Castro entrar em colapso – não funcionaram. "Essa política estava enraizada nas melhores intenções", ele disse. "Mas teve pouco efeito.""Vamos acabar com uma abordagem ultrapassada que fracassou em avançar nossos interesses", continuou Obama. "Nem o povo americano nem o cubano foram bem servidos com uma política rígida, enraizada em eventos que aconteceram antes da maioria de nós nascer."Falando de maneira prática, a mudança mais imediata será o estabelecimento de uma embaixada norte-americana em Havana e o reinício de discussões diplomáticas entre o Departamento de Estado norte-americano e oficiais cubanos. De acordo com oficiais sênior da administração, a atual proibição norte-americana de viagens a Cuba não será derrubada imediatamente, mas algumas restrições serão afrouxadas para certos tipos de viagens à ilha, mudanças que, segundo a Casa Branca, vão facilitar o fornecimento de apoio comercial norte-americano para o nascente setor privado cubano.Os EUA também vão diminuir as restrições bancárias, permitindo que firmas norte-americanas abram contas financeiras, desbloqueando contas norte-americanas para emigrantes cubanos e afrouxando limites sobre as remessas. Significativamente, a nova ordem também vai autorizar certas exportações – incluindo aparelhos de comunicação para consumidores e software – com o objetivo de conectar os cubanos à internet e estimular o crescimento do setor privado na ilha.E sim, as mudanças também vão legalizar a importação de charutos cubanos para os EUA, ou pelo menos alguns deles (viajantes norte-americanos não poderão trazer mais que US$ 100 em produtos de tabaco e álcool de volta para o país).
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