Legalização da marijuana nos EUA está a levar adolescentes a consumirem menos
Luis Eduardo Noriega/EPA

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Drogas

Legalização da marijuana nos EUA está a levar adolescentes a consumirem menos

O Instituto Nacional para o Abuso de Drogas, dos Estados Unidos da América, acaba de publicar o seu relatório anual.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma VICE News.

Mais de 63 milhões de norte-americanos vivem agora em Estados onde o consumo de marijuana para fins recreativos é legal. No entanto, e apesar das possibilidades abertas, de acordo com um estudo de âmbito nacional, a legalização não levou a que o consumo entre os adolescentes tenha aumentado.

O Instituto Nacional para o Abuso de Drogas dos Estados Unidos da América, através do programa "Monitoring the Future", acaba de publicar o seu relatório anual, para o qual analisou o comportamento de jovens entre os 15 e os 17 anos, de todo o país. No geral, o número de menores que admitiu ter consumido canábis diminuiu, ao mesmo tempo que o consumo de tabaco e álcool se encontra no nível mais baixo desde os anos 90.

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Apesar de toda a controvérsia gerada pela legalização, o consumo de marijuana manteve-se constante entre os mais jovens. "Não temos uma explicação", sublinha Nora Volkow, directora do Instituto, em entrevista à agência U.S. News. E acrescenta: "É surpreendente. Tendo em conta as mudanças anteriores à legalização, a cultura norte-americana, bem como as preocupações respeitantes aos danos nos mais jovens, tínhamos previsto que, com o acesso legalizado, o consumo aumentaria, mas não foi isso que aconteceu".


Vê também: " O México irá alguma vez legalizar a erva?"


Estes foram os dados que o estudo revelou:

  • O consumo de marijuana entre os mais jovens diminuiu consideravelmente em 2016, de 6,5 para 5,4 por cento.
  • O consumo diário de marijuana também baixou. Em 2015 registou-se um consumo habitual de 1,1, enquanto este ano passou para 0,7 por cento.
  • Cerca de 22,5 por cento dos estudantes de nível médio e superior admitiu ter fumado marijuana nos últimos seis meses e seis por cento dizem fazê-lo diariamente. Tanto o consumo ocasional, como o habitual, mantiveram-se relativamente baixos, comparados as percentagens de 2015.
  • Os índices de consumo do ano passado entre os jovens de 15 anos são os mais baixos desde há 20 anos.
  • Entre os adolescentes, a marijuana e os cigarros electrónicos são mais populares que os cigarros tradicionais.
  • Cerca de 38,3 por cento dos jovens de 17 anos que vivem em Estados onde a marijuana ainda não está legalizada admitiram ter consumido a droga durante o último ano, enquanto que apenas 33,3 por cento o fez em Estados onde a legalização é uma realidade.

Depois das eleições de Novembro, há agora um total de 28 Estados e Washington D.C. que permitem o consumo de marijuana medicinal, enquanto em sete o uso recreativo foi igualmente legalizado. Uma sondagem realizada pelo governo estatal do Colorado, descobriu que o número de adolescentes que consomem marijuana naquele Estado diminuiu logo após o uso recreativo se ter tornado legal, apesar das preocupações de que esse consumo poderia aumentar.

"Sempre dissemos que legalizar a marijuana, de forma a que seja vendida por comerciantes regulados, tornaria o acesso à droga por parte dos adolescentes mais complicado", garante Tom Angell, director do grupo defensor da canábis, "Marijuana Minority". E conclui: "Este novo relatório confirma. É senso comum, basicamente".