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​O ano novo dos lutadores de Muay Thai da Tailândia

Pessoas de todas as regiões do país comemoram a data com danças, comidas típicas e, claro, muita bebida.

A passagem de ano na Tailândia é uma celebração que vai para além dos fogos de artifício na noite do dia 31. Por lá, a festança dura vários dias. Pessoas de todas as regiões do país comemoram a data com danças, comidas típicas e, claro, muita bebida. Quer dizer, nem todas. Para a comunidade de Muay Thai, no Nordeste rural, é altura para apenas uma coisa: lutas. Muitas lutas.

São mesmo aos milhares os embates. Em Isaan, região conhecida como o berço da grande maioria dos lutadores da modalidade no país, é comum que combatentes de todas as idades lutem diversas vezes durante as festas. O motivo do aumento dos eventos nesta época prende-se com o facto de o Governo apoiar e pagar tudo. Os moradores locais, por sua vez, fazem doações aos templos controlados pelas autoridades, que, por sua vez, retribuem ao servirem de palco para lutas gratuitas.

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Para quem tem o Muay Thai como ganha-pão, trata-se de uma época frenética e empolgante. É o momento para os lutadores adquirirem experiência no ringue e, ainda por cima, arrecadarem dinheiro extra para as suas famílias. É tempo também dos donos das academias e dos promotores aproveitarem para expandirem as suas redes de contactos e criarem reputação.

"Muitos dos lutadores aqui lutam uma vez por mês e pronto", afirma Boom Watthanaya, dono da Wor. Watthana, uma pequena academia situada numa aldeia rural na província de Khorat. "Mas às vezes o problema é que não acontecem muitos eventos, ou os lutadores não têm experiência suficiente, ou o peso certo. Pode ser bastante complicado conseguirem boas lutas. Então é preciso que aceitem as oportunidades que surgem".

Ex-lutador, Boom tem experiência nas lutas consecutivas como as que ocorrem durante as festividades. Ele sabe bem o que os seus lutadores passam.

"Não é saudável para os seus corpos, certamente", realça Boom. É pesado para todos os lutadores, acrescenta, independentemente da idade, ou da experiência. "Podem até magoar-se seriamente. Não há tempo para descansar".

Lutas frequentes em feriados e festas costumam acontecer no Interior, longe das grandes arenas de Bangkok, a capital. Segundo o regulamento profissional, os lutadores devem fazer intervalos obrigatórios de três semanas entre lutas. Fora dos centros, porém, regras como essa nem sempre são seguidas.

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Alguns lutadores aceitam lutas em qualquer dia durante as festas, mesmo com cortes, hematomas, fracturas e contusões. Alguns saem incólumes. Outros entram no ringue duas vezes por dia e só descansam nas viagens de carro entre uma luta e outra. Fazem-no porque podem. Mas muitos outros fazem-no porque não têm outra hipótese.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma Fightland.