Bateram num Moleque Petista na PUC-SP

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Bateram num Moleque Petista na PUC-SP

O estudante Jorge Corsi fazia campanha para Dilma Rousseff (PT) e diz que foi vítima do ódio político.

Foto por André Neves Sampaio.

O estudante do segundo ano de Ciências Sociais da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Jorge Corsi viveu na pele o que muitos militantes da idade dele só conhecem no mundo virtual. Ele contou à VICE que foi cercado, insultado e agredido por militantes do candidato tucano à Presidência, Aécio Neves (PSDB), dentro do Campus da PUC na Rua Monte Alegre, na noite de terça-feira. Corsi fazia campanha para Dilma Rousseff (PT) e diz que foi vítima do ódio político.

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Além dele, outra estudante, de 22 anos, Karen Kristensen, do primeiro ano do curso de Psicologia da mesma universidade, contou que foi cercada na mesma noite por "um grupo de 20 ou 30 homens e uma menina", que mandaram que ela "enfiasse o mensalão no cu". Karen não viu Jorge apanhar, mas conta que "ele veio ao nosso encontro, todo arranhado e com a blusa rasgada".

Ela contou que está traumatizada com a violência psicológica: "Ando assustada, com o coração disparado, com medo de andar pelas ruas e ser agredida desta ou de outras maneiras. O que impede que alguém que fez isso me persiga pela rua e me agrediu de várias outras formas?"

Nenhum deles registrou boletim de ocorrência, mas Corsi pediu investigação da universidade, que enviou à VICE um documento no qual diz que, na ocasião, enviou seguranças para o local do incidente e, agora, está "apurando os fatos".

Karen pretende organizar um ato em conjunto com amigos tucanos na universidade para mostrar que o episódio foi isolado e não pode se repetir.

VICE: Como isso aconteceu?
Jorge Corsi: Tínhamos organizado um debate sobre eleições a favor do PT (Partido dos Trabalhadores) e estava com as bandeiras, quando começaram a tacar objetos como copos, açaí, papel, moeda, lá de cima do prédio da universidade. A gente foi pedir pra eles pararem. Nesse momento, começaram a cercar a gente e gritaram de maneira agressiva, com palavras de baixo calão, chamando a gente de lixo, mandando tomar no cu, dizendo 'Dilma, vai tomar no cu". Tudo isso foi ainda pior porque eles estavam representando o Aécio, com camisas e adesivos. Eu tentei abrir o diálogo, olhava pra eles e perguntava porque faziam isso. Disseram que não podia fazer ato eleitoral na faculdade. Disseram que eu nem poderia estar lá, que eu estava sendo pago pelo PT. Assim que meus amigos desceram, eles fecharam um círculo, me xingando. Eu estava explicando para a quarta pessoa seguida que queríamos um debate sadio, que os microfones estavam abertos. Quando eu vejo, um cara atrás de mim tentou puxar a minha bandeira e começou a me arrastar. Depois quebraram a bandeira e uma multidão chegou me dando pontapé e socos, rasgaram a minha camisa. Eu desci e eles continuaram lançando objetos lá de cima, lançaram pedaços do mastro da bandeira que eles tinham quebrado. Mesmo sendo hostilizado eu tentei ser pacífico, afinal, estávamos justamente tentando promover um debate democrático.

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Eles bateram em você ou não?
Eles me deram socos e me deram chutes. Deram muito chute baixo, pra tentar quebrar meu joelho. Foi num momento que eu fiquei sozinho, quando meus amigos começaram a descer. São coisas que acontecem rápido.

Você bateu em alguém?
Não. Não encostei a mão em ninguém. Eu estava ali pra dialogar.

Ficou com marcas?
Não. Fiquei com o olho vermelho, mas passou. Foi tudo muito rápido, eu me afastei, fui pra trás. Eles me atingiram, mas não com muita força. Mas eles me agrediram. Não deixa de ser agressão.

Que providência você tomou?
Era muito tarde e eu tinha de trabalhar no dia seguinte. Fui embora, mas devia ter feito boletim de ocorrência. Eu estou reclamando na universidade, tentando abrir sindicância.

Você conhece eles?
Não. Sei que são daquele prédio.

Qual foi sua reação?
Fiquei espantado porque a PUC sempre foi um local democrático e eles foram agressivos, completamente raivosos e contrários ao espírito da universidade.