Laura Naive
"Alô! Tô ligando pra saber como você está." Todas as fotos são do arquivo pessoal da Laura Neiva.

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Fotos

Laura Naive

O book da Laura Neiva com seis anos.

Recentemente chegaram a mim fotos de quando a Laura Neiva tinha seis anos de idade. Pelas mãos de uma amiga de uma amiga que a aliciou (legalmente) pelas redes sociais e, enfim. Contatos. Não que eu precise me explicar, mesmo porque não costumo acessar sites de domínio escandinavo. São imagens do seu primeiro book, por assim dizer, muito antes de ela dar as caras como a orkuteira matreira praieira À Deriva, aos 14, niña lindinha riquinha da Calle 13, com 17. Ou na minha frente sorriso envolvente, anteontem, prestes a completar 18. Veio conversar sobre aquela época ingênua, só que acabamos avançando um pouco. Profissionalmente. Infelizmente tivemos que encerrar antes de eu ser convidado pra sua festa. Mas depois de, acho eu, ela querer me morder. Carinhosamente.

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VICE: Você lembra alguma coisa do dia em que tirou essas fotos?
Laura Neiva: Lembro. Foi na 1ª série. Eu tinha seis anos. São aquelas fotos de escola que todo mundo faz, daí a mãe pode comprar ou não. E no final a minha mãe comprou. Me tiraram da sala do nada, e como eu sempre ia pra diretoria, achei que fosse mais alguma coisa que eu tinha feito [risos] -- mas era pra fazer essas fotos. É muito engraçado, porque nessa época ninguém gostava de mim.

Por quê?
Porque eu mordia todo mundo! [risos] Mordia feio! Nossa, e teve uma vez que… Porque, assim, eu morava com a minha avó, e minha avó era diabética. Minha mãe me teve muito cedo e tal, então ela morava na casa dos pais dela. Na mesma rua tinha uma farmácia, então eu passava o dia na casa dela e ia com ela na farmácia pra ela tomar insulina. Aí eu fui no banheiro, fiquei mexendo no lixinho e achei umas seringas. Peguei uma seringa dessas, suja, e fui pra casa com ela. Aí fui no outro dia no colégio…

:S
É muito punk essa história [risos]. Aí eu peguei a seringa e saí correndo atrás de todo mundo.

Mas você chegou a picar alguém?
Não! NÃO! Tipo, eu não ia… Eu chegava perto da pessoa, mas ia diminuindo o passo. Porque ninguém gostava de mim, então eu meio que queria aparecer de alguma maneira, entendeu? E eu ficava irritada e queria maltratar aquelas crianças que não gostavam de mim. Eu lembro que não era convidada pras festinhas de aniversário, sabe? Era muito engraçado.

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Você era meio pestinha, então?
Eu era! Eu ia pra diretoria todo dia, minha mãe era chamada na escola…

Criada por vó, né?
É… Quando eu nasci minha mãe estava no primeiro colegial. Então ela ia pra escola e minha avó ficava cuidando de mim. Minha mãe também, mas eu ficava bastante com minha avó. Aí minha mãe começou a faculdade e minha avó tinha acabado de se separar do meu vô – ela quis se mudar pra Minas. Aí minha avó me levou pra lá e eu fiquei morando lá por uns três anos, no interior. Foi uma delícia. O jardim e o pré eu fiz tudo lá, então era muito bom -- ficava de calcinha na rua comendo manga, era muito bom. Aí eu via duas vezes por mês minha mãe, sabe? Mas não fazia muita diferença, eu era pequena. Foi bom pra ela poder estudar e foi bom eu ter morado no interior. Aí quando ela terminou a gente voltou a morar junto normal.

Entendi. Você tem vergonha das fotos desse book?
Eu eu nem lembrava [dessas fotos]! Na verdade minha mãe tava mostrando umas fotos minhas em casa e ela achou esse álbum. Eu só lembro dessa de Minnie porque foi uma que a minha mãe ampliou e toda a família copiou. Então em todas as casas da minha família tem uma -- da minha avó, meu tio… Todo mundo tem essa foto. Mas eu não lembrava das outras, então foi muito engraçado quando a gente achou essas fotos.

Você já mostrou esse book, sei lá, pro seu namorado?
Minha mãe fez isso comigo. Com meu ex-namorado. Ela tira uma caixa desse tamanho cheia de foto minha pequena tomando banho, sabe? [risos] Fiquei com muita vergonha, tipo, “Ah, você não quer alguma coisa pra comer?” Querendo tirar ele de lá, sabe? Agora não tem mais como [ter vergonha], né? Mas, quando eu tinha 13, 14 anos… Não era por insegurança, mas é que nessa idade você tem que ser muito legal, sabe? Eu teria vergonha de mostrar, tipo, pra aqueles namorados… Eu tinha um namorado quando eu tinha 13 anos. Eu NUNCA ia mostrar. Ia falar que era de uma irmã gêmea que morreu quando a gente tinha dez anos [risos]. Nunca!

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Podia usar uma delas no seu perfil do Facebook.
Eu já pensei nisso. [risos]

E o que você queria ser quando crescesse? Comissária do bordo?
Não. Na verdade eu fiquei um tempão querendo fazer arquitetura, e ainda não descartei. Mas quero agora fazer psicologia. Se der tempo, depende do que vai acontecer na minha vida, não sei. Talvez eu faça também arquitetura.

Mas e os trabalhos de atriz, não vai continuar com eles?
Em janeiro eu vou pra Los Angeles. Tenho um agente lá, que vai me apresentar pra uns produtores e diretores. Também vou fazer um curta no final do ano, que é bem legal – é a história de duas modelos, e a minha personagem é de uma que acabou de chegar de Curitiba e tá descobrindo como é essa vida.

Quanto tempo você vai ficar em Los Angeles?
A princípio era um mês. Mas agora já estão falando que eu vou ficar seis meses. Então não sei, minha ideia era ficar um mês voltar e fazer aqueles cursos aqui, mas agora não sei. É bom viajar, né?

Já morou fora?
Não. Eu nunca fui pros Estados Unidos.

Nem pra Disney?!
[Risos] É, então. E tenho essa foto de Minnie. Mas nunca estive lá, agora vou conhecer.

O que você tem feito de trabalhos ultimamente?
Fiz uma peça de teatro, Ligações Perigosas… Também fiz um clipe do Calle 13.

Sério? Qual?
Sim. Baile de los Pobres.

Irado. Ano passado fui a um show deles…
No Jóquei, né? Eu tava lá também!

:) Mas então, aí você fez o clipe e…
Aí eu fiz o clipe… Eu tava com a peça por quase um ano, e agora vou fazer esse curta. Por enquanto é assim. É que eu tenho um problema na minha vida, que é a escola [risos]. Tudo o que eu faço depende disso, se dá pra conciliar com a escola. Na época do À Deriva eu meio que esqueci a escola – passei dois meses morando em Búzios. Depois na peça de teatro a gente ensaiou por dois meses também, e eu ficava só das 7h às 10h na escola. O resto do dia eu ia embora pra ensaiar. Eu já estudei em muitos colégios, até que entrei no que estou agora, que é um paraíso pra mim. Tô lá até hoje e vou me formar.

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Tá pra fechar ou de recuperação?
No primeiro trimestre, por causa da peça ainda, eu peguei muitas recuperações. Nove. Tudo por falta – eu faltei muito. No segundo trimestre, duas recuperações. E agora no terceiro nenhuma, tomara!

E como foi que você virou atriz? Fez cinema, teatro e tal?
Eu não pretendia atuar. Fiz uma peça de teatro na 7ª série, mas não tinha gostado da experiência. Não me senti bem no palco, não me senti confortável. Foi exatamente na época que fui chamada pro À Deriva. Só que depois daquilo tinha colocado na minha cabeça que nunca mais ia entrar num palco, atuar. Na mesma semana fui chamada pra fazer À Deriva. A princípio, no Orkut, falei que não queria. Mas passou três meses e a Anna Luiza [produtora de elenco] me adicionou no MSN – ela conseguiu meu MSN! Pensei: se ela tá tentando até agora, então acho que é sério. Falei com minha mãe, vimos que era sério, fui fazer o teste e passei. Aí eu fiz cinema e fiquei apaixonada. Decidi que queria ser atriz de cinema. Depois fiz Célia Helena por um ano. Depois teve outra peça obrigatória da escola, e foi uma delícia. Aí quando acabou minha peça na escola, teve essa oportunidade de fazer Ligações Perigosas, e eu coloquei na minha cabeça que eu ia fazer porque ia ser bom pra aprender, mas que eu não ia gostar. Mas quando acabou eu pensei: preciso de teatro.

Ainda tem vergonha de atuar?
Então, eu só fico um pouco tensa com… Não. Eu costumo tentar fazer uma coisa muito próxima do natural, do como eu faria. Não do como eu faria, mas alguma coisa pra não ficar estereotipada, então acaba ficando natural pra mim.

Sei. E você ainda morde as pessoas?
[Risos] Mordo. Mas agora não mordo pra machucar. Eu gosto de morder, sabe? Meus amigos detestam, porque do nada eles tão falando comigo e eu mordo [risos].

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