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Fotos

Revista “MATTE” Apresenta Hobbes Ginsberg

Soft grunge, gêneros indefinidos e selfies. Conheça o trabalho dele.

A revista MATTE é um periódico de fotografia que começou em 2010 como uma maneira de destacar o trabalho de fotógrafos emergentes. Cada edição apresenta a produção de um artista e fotografa um retrato dele ou dela para a capa. Como editor fotográfico da VICE, fico feliz em compartilhar minhas descobertas com um público maior.

Hobbes Ginseberg é um fotógrafo de 20 anos que vive em Los Angeles e que não quer problematizar muito seu gênero, preferindo os pronomes ela ou ele. Mudou-se para Seattle depois do Ensino Médio e, um ano e meio depois, foi atrás de seus sonhos em Hollywood. Conhecemo-nos quando eu estava em LA visitando um negócio oficial da VICE, no mês passado, e fiquei impressionado com sua presença alerta e curiosa. Depois de cinco minutos de conversa, decidimos trabalhar juntos numa edição da revista MATTE – que será lançada na New York Art Book Fairdesta semana no MoMA PS1 – e fomos ao telhado do hotel, onde fiz o retrato acima. Eu tinha apenas quatro poses no meu rolo de filme, mas cada uma das fotos saiu interessante. Hobbes usa sua autoimagem como arte, então isso não foi uma grande surpresa. Mistura de autorretrato politicamente engajado na tradição de Catherine Opie, fenômeno soft grunge da internet cheirando a Cobain e algo indescritivelmente glamouroso e completamente único, as Selfies de Hobbes me fizeram querer saber mais sobre ele.

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Como você começou a fotografar?
Hobbes Ginsberg: Eu costumava fazer muita fotografia de rua. Isso começou numa viagem a Nova York, no verão de 2010, quando peguei emprestada uma câmera “profissional” de um amigo. Comecei a tirar fotos de todo mundo que chamava minha atenção na rua. Naquele ponto, eu tinha uma vaga ideia do que era fotografia de rua pelas coisas que tinha visto do deviantART e, naquela viagem, fui a uma exposição de Henri Cartier-Bresson e outro cara velho que não lembro o nome. Fiz muito trabalho de rua na Nicarágua.

Quando você começou a tirar fotos de si mesmo?
Uns dois anos atrás, parei de fotografar exteriormente por muito tempo e senti que precisava me voltar para dentro, então comecei a tirar um monte de selfies. Peguei emprestadas algumas luzes da equipe do anuário da minha escola, e foi assim que comeceio trabalho de estúdio.

Que tipo de papel essas fotos têm na sua vida?
Em se tratando da minha obra, as pessoas prestam mais atenção às minhas selfies, e foi isso que cimentou minha estética atual. Também é o trabalho mais catártico para mim. Às vezes, fico de muito mau humor e o jeito de consertar isso é tirando fotos.

Parece que há um elemento de performance nessas fotos. A necessidade de fazer novas selfies já afetou suas escolhas sobre como você se apresenta?
Gosto dessa pergunta, me fez pensar em algo que nunca tinha pensado antes. Definitivamente existe uma conexão entre a performance das fotos e como me apresento na vida real. Faço essas coisas nas fotos, porque esse é um espaço seguro para experimentar, para usar maquiagem e figurino loucos e levar os estilos e as vibrações que me interessam a outro nível. Mas também gosto de pensar nelas como documentação. Sempre que mudo o corte de cabelo ou arranjo uma peça de roupa de que gosto muito, isso leva a uma selfie. Acho que a necessidade de estar constantemente mudando minha aparência está relacionada com o processo fotográfico, mas não com o efeito disso. Mas minha namorada diz que é o contrário, então quem sabe… Essas coisas, sem dúvida, estão interligadas.

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Você é muito ativo no Tumblr. Como você se sente publicando suas fotos para um público tão amplo?
Ter minhas fotos vistas e compartilhadas é tão importante para mim quantoo processo de fazê-las. Coloco tudo no meu Tumblr, para o bem e para o mal. Mas adoro a atenção – quero que meu trabalho seja visto pelo maior número possível de pessoas. Sinto que esse método tornou meu trabalho mais político. De muitas maneiras, isso é parte de uma nova coleção de trabalhos de mulheres jovens e membros de minorias, gente que está usando esse espaço para se definir e se empoderar. Gosto de ser parte desse movimento.

Como você define seu gênero? Parece que esse é um dos principais temas do seu trabalho.
Eu me identifico como queer e uso os pronomes ela/ele. Escrevi uma postagem inteira sobre isso no meu blog.

Lidar com identidade de gênero definitivamente é parte do meu trabalho, da mesma maneira que é parte inerente de mim mesmo. As selfies são sobre documentação e depressão, sobre beleza, positividade e todas essas questões pessoais com que as pessoas lidam. Eu as crio para mim mesmo, e gênero é algo que vem organicamente, mas não estou tentando “dizer” algo sobre isso. Gostoque meu trabalho seja importante para visibilidade e para o sucesso dos artistas queer, mas é importante para mim que minha produção seja vista por lentes mais amplas que apenas “gênero”.

Você vê isso como um projeto para a vida inteira?
Espero continuar fazendo isso por muito tempo. Adoro retratos de mulheres mais velhas e admiro muito a dedicação a longo prazo, mas, para ser honesto, não consigo nem imaginar o que um projeto de vida inteira significaria para mim agora.

Hobbes Ginsberg é um sonhador que vive em Los Angeles. Veja mais do trabalho do Hobbes no blog deles.

Adquira uma cópia física da edição 26 da revista MATTE com fotos de Hobbes Ginsberg no site mattemagazine.org ou, se você está em NY, na New York Art Book Fair, no MoMA PS1, neste final de semana.

Tradução: Marina Schnoor